“O Western é um dos géneros cinematográficos mais antigos e emblemáticos da história do Cinema. Profundamente enraizado na cultura americana, o Western atravessou fronteiras e encontrou novas formas de expressão no cinema asiático, sul americano e, de forma particularmente marcante, no cinema europeu. 

Os europeus, como Leone ou Corbucci, olharam para o género com uma certa distância cultural, que lhes permitiu questionar e desconstruir o mito fundacional dos Estados Unidos — a ideia do herói solitário, da fronteira como espaço de progresso e da “civilização” como inevitável. O olhar europeu trouxe mais espaço para a crítica social, para a corrupção e brutalidade associadas à expansão do Oeste, provando que o Western podia existir para além do deserto americano. 

O género mais popular na década de 60 ao longo de todo o mediterrâneo, nunca encontrou espaço em Portugal.  Este projeto nasce assim de uma vontade simples, mas ambiciosa: fazer do Alentejo o nosso Velho Oeste.  

Inspirado por experiências reais de emigrantes portugueses que, no final do século XIX, atravessaram o Atlântico em busca do sonho americano e em clássicos como: “Aconteceu no Oeste” (Sergio Leone, 1968); “O Grande Silêncio” ( Segio Corbucii, 1968); “À Sombra da Forca (Ted Post, 1968) e “A Velha Raposa” (Henry Hathaway,1969).  

Este é, acima de tudo, um filme sobre identidade. Sobre um Portugal esquecido que, tal como o Velho Oeste, continua à espera de ser explorado — não para ser conquistado, mas para ser compreendido.” 

João Figueirôa